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Inflação e risco: a receita por trás do ciclo de alta de juros

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A inflação explosiva, o risco de aumentos mais rápidos das taxas pelo Federal Reserve (Fed) e a desaceleração da atividade global colocaram os ativos financeiros em completa desordem no início da semana. Os mercados de ações globais caíram na segunda-feira, 13 de junho. Hoje, eles buscam o equilíbrio em meio a um cenário mais “calmo”.

O S&P 500, o benchmark mais representativo das bolsas de valores dos EUA, entrou no território do “bear market”, com queda de 20% em relação ao pico de janeiro.

O rendimento do Tesouro dos EUA de 10 anos saltou para 3,27% e reacendeu o movimento de “fuga para a qualidade” favorecido pelos investidores. As criptomoedas entraram em colapso por temores de que o Federal Reserve possa aumentar as taxas de juros de 0,50 ponto percentual para 0,75 ponto percentual em uma reunião que começa hoje e termina amanhã, refletindo um padrão de pânico em todo o mundo.

O saldo negativo do mercado na segunda-feira afetou severamente o Brasil e os preços não devem se recuperar da noite para o dia. O índice Ibovespa despencou ontem para 102 mil pontos por pressão externa, os juros subiram e o dólar valorizou mais de 3% em alguns momentos de negociação nos negócios à vista.

A moeda atingiu 5,14 reais e quebrou abaixo desse patamar por 19 sessões consecutivas – sequência que dá ânimo adicional para a possibilidade de uma desaceleração da inflação anualizada de mais de 10%.

Para sustentar a inflação, o Senado aprovou ontem à noite o limite de arrecadação do ICMS em 17%. As tensões persistiram sobre a postura do Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve.

Enquanto a inflação, medida pelo índice de preços ao produtor, divulgado esta manhã, confirmou a projeção de maio de alta de 0,80% e alta anualizada de 10,80%, houve importante aceleração mensal.

O Copom voltou a se reunir sem referência às projeções de mercado para os principais indicadores econômicos monitorados pela pesquisa Focus.

A pesquisa semanal foi interrompida há quase dois meses, quando funcionários públicos da Colúmbia Britânica entraram em greve por causa de reajustes salariais e reestruturação de carreira.

Na semana passada, a agência ainda divulgou alguns dos dados em foco: inflação projetada de 4,39% em 2023, 13,25% ao ano para a Selic em 2022 e 9,75% em 2023. Ontem, o BC não divulgou parte da nova versão da Pesquisa Focus, nem previu que seria divulgada nesta terça-feira.

Ao contrário do hiato de dados, porém, Roberto Campos Neto comandará todo o conselho de administração do Copom — com oito membros. É quase certo que a decisão de aumentar o custo de capital será novamente unânime. No mínimo, isso indicaria que o BC está “fechado” para a inflação.