Especialista responde as principais perguntas sobre a modalidade
O desejo de muitas pessoas que decidem investir é viver de renda e ter mais tempo para se dedicar à família, a um hobby ou a um projeto pessoal. Contudo, ao adentrar o universo do mercado financeiro, o novo investidor se depara com inúmeras modalidades e opções, o que acabam gerando muitas dúvidas e ansiedade.
Uma modalidade, em especial, costuma gerar vários questionamentos, mas, quando bem compreendida, pode ser muito uma ótima opção em termos de rentabilidade: o investimento com foco em ações de dividendos.
Vicente Guimarães, Dr. em economia, professor e fundador da VG Research, atingiu a tão sonhada liberdade financeira aos 42 anos, investindo em dividendos. Relembrando sua trajetória e toda a experiência adquirida, ele responde nove das principais perguntas sobre o assunto.
Confira:
1- Uma empresa pode parar de pagar dividendos?
Sim. Se a empresa parar de lucrar, ela para de pagar os dividendos. Afinal, os dividendos são uma parte do lucro de determinada empresa. Quando se analisa um investimento, deve-se considerar a consistência do pagamento de dividendos ao longo do tempo. Empresas com bom histórico dificilmente deixam de pagar dividendos. Ainda assim, pode acontecer de, no futuro, uma empresa pare de pagar dividendos, por diversos motivos como uma aquisição, mudança de controle acionário ou pagamento de dívidas. O investidor deve avaliar se essa paralisação é temporária e benéfica para ele ou não. Em caso negativo, é possível se desfazer da posição e investir em outra empresa. Por isso é importante diversificar a carteira.
2- Se o preço de uma ação cai, o dividendo também cai?
Não. Uma coisa não se relaciona com a outra. Como dito anteriormente, o dividendo depende do lucro da empresa, já o preço da ação, principalmente no curto prazo, depende de diversos fatores de mercado, como especulação, economia, notícias e política. Na verdade, quando o preço das ações caem, abre-se uma boa oportunidade para investir, caso se trate de uma empresa que paga bons dividendos.
3- Como faço para receber dividendos mensais?
No mundo dos dividendos, o foco é o recebimento anual, não mensal, até porque, as empresas não pagam dividendos mensalmente. Algumas companhias pagam a cada trimestre, outras a cada semestre e tem empresas que pagam por ano. A verdade é que não tem como fazer uma previsão de dividendos mensais. Algumas pessoas tentam montar uma carteira para gerar dividendo mensal e acabam comprando ações caras ou que pagam poucos dividendos.
4- Qual o indicador mais importante para comprar uma ação de dividendos?
Na verdade, existem vários indicadores importantes, o lucro é um deles. Mas, outro ponto que merece atenção é o dividend yield, que nada mais é do que uma relação entre os dividendos pagos nos últimos 12 meses e o preço da ação atual. Por exemplo, se uma empresa paga 10% de dividend yield, espera-se que, investindo R$ 100 se receba R$ 10 nos próximos meses. Entretanto, vale o alerta. Esse indicador é calculado com base no passado então não significa que o valor pago percentualmente em dividendos irá necessariamente se replicar no futuro, logo, ele serve como um guia mas não garante resultados.
5- A estratégia de Décio Bazin ainda é válida?
Para contextualizar, Décio Bazin é o autor do livro “Faça fortunas com ações antes que seja tarde”, em que foca em investimentos em ações de dividendos. A estratégia dele é direta, simples, e baseada em comprar ações com dividend yield acima de 6% e que tenham pouca dívida. Apenas com esses dois indicadores, pesquisas mostram que essa estratégia conseguiria superar de longe o Índice Ibovespa. Então, sim, é uma estratégia válida e assertiva.
6- Quais são os melhores setores para receber dividendos?
No Brasil, o setor campeão dos dividendos é o elétrico e, em segundo lugar, os bancos. Estes são setores fundamentais para quem deseja receber dividendos com consistência. Em um segundo patamar estão as empresas de seguros e de saneamento, que se mantêm consistentes mesmo em períodos de crise. Outro ativo, que não é uma ação, mas que vale a pena citar são os fundos imobiliários. São ativos com boa renda passiva e que pagam dividendos mensalmente.
7- Como reinvestir os dividendos?
Reinvestir os dividendos é fundamental. É possível reinvestir os dividendos em qualquer ação da carteira, não necessariamente na mesma ação que pagou os dividendos. No longo prazo, o reinvestimento pode representar mais de 50% do patrimônio e da renda passiva do investidor.
8- Se o dividendo é deduzido do valor da ação, como vou ganhar?
Essa questão da dedução do dividendo no preço da ação, que assusta muita gente, é um medo sem fundamento. Geralmente, quando é feito o anúncio do dividendo, o preço da ação já sobe, mais do que compensando o desconto que será feito depois. Se considerarmos o preço da Petrobrás há um ano, era R$ 25,29. A empresa pagou R$ 11,81 em dividendos. Deduzindo um valor do outro, resultaria em R$ 13,48. Hoje, uma ação da Petrobrás custa mais de R$ 30.
9- Por que investir em dividendos se essas ações valorizam menos?
Essa é uma pergunta muito comum. Contudo, não é possível saber qual empresa vai valorizar no futuro. A realidade é que existem empresas que pagam dividendos e existem empresas que não pagam, é a única afirmação absoluta. Essa busca por companhias que vão explodir no futuro é o que faz muita gente perder dinheiro na bolsa de valores. Os investimentos em ações de dividendos são muito mais simples, com taxa de erro muito menor e resultados muito mais sólidos no longo prazo.