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JPMorgan reduz preço-alvo da Azul para R$ 8,50 e considera ação em "ponto crítico"

A Azul (AZUL4) enfrentou queda de 46% nas últimas duas semanas, após rumores de possível recuperação judicial nos EUA, negados pela empresa.

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  • A Azul (AZUL4) enfrentou um desempenho muito abaixo do mercado nas últimas duas semanas
  • Apresentou uma queda acentuada de 46%, enquanto, seus pares tiveram reduções mais modestas entre 4% e 5,5%
  • Essa desvalorização foi impulsionada por especulações sobre uma possível recuperação judicial nos EUA (Chapter 11)

A Azul (AZUL4) enfrentou um desempenho muito abaixo do mercado nas últimas duas semanas, com uma queda acentuada de 46%. Enquanto seus pares tiveram reduções mais modestas entre 4% e 5,5%.

Essa desvalorização foi impulsionada por especulações sobre uma possível recuperação judicial nos EUA (Chapter 11). Um rumor que a empresa rapidamente desmentiu.

Diante desse cenário, o JPMorgan revisou suas estimativas para as ações da Azul. Dessa forma, reduzindo seu preço-alvo de R$ 19 para R$ 8,50, uma redução de 55%. Embora esse novo preço-alvo ainda represente um potencial avanço de 109% em relação ao fechamento da última segunda-feira (9), quando a ação atingiu uma mínima histórica de R$ 4,07. Assim, o banco manteve sua recomendação neutra até que a empresa esclareça a gestão de suas obrigações financeiras.

O JPMorgan considera que a Azul está em um ponto crítico, com a necessidade de renegociar um importante instrumento de capital relacionado aos arrendamentos. O que totaliza cerca de US$ 550 milhões. Se a empresa e seus arrendadores conseguirem chegar a um acordo definitivo, possivelmente envolvendo uma diluição de capital (notícias indicam uma participação de 25% na companhia), isso poderia permitir à Azul iniciar um novo capítulo. Assim, facilitando negociações mais favoráveis para alternativas de liquidez com os detentores de títulos.

Aporte privado

Entre essas alternativas estão a possibilidade de um aporte privado de aproximadamente US$ 200 milhões. Além da emissão de um novo título garantido pelo negócio de carga, com valores noticiados em torno de US$ 400 milhões. No entanto, caso a Azul não consiga firmar um acordo com seus arrendadores, a probabilidade de um pedido de recuperação judicial aumenta. Dessa forma, expondo os acionistas ao risco de diluição de capital.

Além disso, o banco ajustou suas previsões após o segundo trimestre de 2024, antecipando um consumo de caixa de R$ 550 milhões na segunda metade do ano devido ao vencimento da dívida. O JPMorgan também revisou para baixo suas estimativas de receitas e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para 2024 e 2025, e reduziu o múltiplo alvo de 5,5 vezes para 5,0 vezes a relação entre o valor da firma (EV) e o Ebitda, refletindo o aumento da percepção de risco.

Quais são os próximos passos?

Para o banco, o passo crucial é renegociar o instrumento de capital de aproximadamente US$ 550 milhões estabelecido no ano passado com os arrendadores. Sob o acordo atual, a Azul deve emitir ações trimestralmente com um valor de referência de R$ 36,00 por ação ou pagar o equivalente em dinheiro. Com as ações atualmente cotadas muito abaixo desse valor (último fechamento em R$ 4,07), a empresa está ativamente explorando alternativas para evitar uma diluição de capital excessiva.

Recentemente, surgiram especulações sobre um possível acordo que envolva uma participação de 25% na empresa, avaliada em cerca de US$ 65 milhões, em troca da renegociação do instrumento de US$ 550 milhões. O banco espera anunciar um acordo desse tipo no próximo mês.

“Supondo que a negociação mencionada seja concluída com sucesso, a reestruturação de seus títulos provavelmente será o foco seguinte, aproveitando o negócio de carga da Azul. Relatos indicam que isso pode desbloquear até US$ 400 milhões em capital novo para a empresa. Além disso, não descartamos a possibilidade de uma nova capitalização de ações se as ações se recuperarem após a aprovação de uma nova estrutura com os arrendadores”, avalia a equipe de análise do banco.

No aspecto operacional, o JPMorgan prevê que a Azul continue expandindo sua capacidade, o que pode ajudar a compensar parcialmente a recente depreciação do real.

“Com base em nossas estimativas atualizadas, projetamos um aumento de 6% ano a ano na capacidade consolidada para 2024, impulsionado principalmente por um aumento de 8% na capacidade doméstica, e ainda apoiado pela reabertura do aeroporto de Porto Alegre no 4T24. Além disso, os preços do combustível de aviação diminuíram cerca de 8% no último mês”, ressalta o JPMorgan.

Apesar dessas possíveis melhorias, o banco estima que a Azul queimará aproximadamente R$ 550 milhões em caixa na segunda metade de 2024. Dessa forma, incluindo cerca de R$ 350 milhões relacionados à amortização de dívidas.

O JPMorgan revisou suas previsões de receitas, reduzindo-as em 3% para 2024 e 1% para 2025. Dessa forma, ficando 1% abaixo do consenso da Bloomberg para ambos os anos. Para o Ebitda, ajustou as estimativas para 2024 em -2%, esperando R$ 6,0 bilhões, em linha com o mercado. E, assim, manteve as previsões para 2025 em R$ 6,7 bilhões, próximo ao consenso.

“Em nossas estimativas atualizadas, estamos incorporando o instrumento de capital dos arrendadores como dívida (cerca de US$ 550 milhões), mas sem diluição adicional de capital (por exemplo, assumindo que a Azul pagaria o acordo atual em dinheiro). Além disso, para a segunda metade do ano, esperamos uma queima de caixa de R$ 550 milhões, o que deve pressionar a dívida líquida daqui para frente”, aponta.

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