Polícia descobre esquema: empresa ligada a político petista em São Paulo repassava R$ 70 mil por semana ao PCC, revelam mensagens. Investigação em andamento.
Mensagens encontradas no celular do ex-diretor da Transunião mostram pagamentos semanais de R$ 70 mil ao PCC. Relatório indica desvio de verbas e ligação com facção criminosa. Investigações revelam esquema entre empresa, políticos e crime organizado. Polícia aponta envolvimento de líder petista na Câmara de SP.
Mensagens no celular do ex-diretor da empresa de ônibus expõem esquema de pagamentos ao PCC
Segundo o jornal Estadão, uma bomba estourou no cenário político de São Paulo com a revelação de um escândalo envolvendo a empresa de ônibus Transunião, que mantinha ligações diretas com o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das facções criminosas mais poderosas do país. Segundo informações da polícia, mensagens encontradas no celular de Adauto Soares Jorge, ex-diretor da empresa, expõem um esquema de pagamentos semanais de R$ 70 mil ao PCC, realizado através do caixa da companhia.
As investigações, conduzidas pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), revelam um complexo jogo de interesses entre a empresa, políticos e a criminalidade organizada. Adauto Soares Jorge, juntamente com o vereador Senival Moura, que é uma figura proeminente do Partido dos Trabalhadores (PT) e exerceu papel de liderança na Câmara Municipal de São Paulo, são os principais alvos das investigações.
O relatório do inquérito aponta para uma relação direta entre os pagamentos ao PCC e desvios de verbas da Transunião, indicando um esquema de lavagem de dinheiro e financiamento ilegal. Além disso, evidências sugerem que o PCC teria influência direta na gestão da empresa, nomeando seus próprios representantes para cargos-chave.
O documento da polícia também menciona a participação de figuras conhecidas do mundo do crime, como Ricardo Pereira dos Santos, conhecido como Cunta, e Alexandre Ferreira Viana, o Alexandre Gordo, que teriam financiado a campanha eleitoral de Senival Moura em troca de favores e influência na Transunião.
A prisão temporária de Jair Ramos de Freitas, conhecido como Cachorrão, suspeito de envolvimento no assassinato de Adauto Soares Jorge, traz mais uma reviravolta para o caso. Apesar das evidências apontarem para a participação de políticos e membros do PCC no esquema, a Justiça ainda não tomou medidas efetivas contra os acusados.
O assassinato
Segundo o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Adauto foi assassinado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) como forma de vingança. De acordo com o relato de uma testemunha protegida, o vereador teve sua morte ordenada pela facção, mas escapou porque concordou em entregar 13 ônibus ao PCC e renunciar à direção da empresa. Senival, amigo de Adauto por 30 anos, chegou a solicitar proteção à Polícia Civil. O inquérito sobre o caso ainda está em andamento, aguardando análises de imagens de câmeras e celulares apreendidos.
O advogado de Adauto, Márcio Sayeg, refutou as acusações, afirmando que não havia fundamentos para as mesmas. Ele destacou que não houve indicação do vereador no inquérito, e que a cooperativa em questão não permite investigar individualmente cada membro, tornando impossível controlar as ações de todos. Sayeg expressou preocupação com a possibilidade do caso ressurgir por meio de opositores políticos durante as eleições de 2024.
A defesa de Devanil Souza Nascimento anunciou que a Justiça revogou sua prisão após a apresentação das informações solicitadas, anulando as acusações policiais. O advogado Marcos Ribeiro Costa afirmou que seu cliente continua a se declarar inocente.