Lula e Itamaraty se mantêm em silêncio após inelegibilidade de María Corina Machado na Venezuela, enquanto outros países condenam.
Dias após o governo da Venezuela declarar a inelegibilidade da principal candidata da oposição, María Corina Machado, para as próximas eleições presidenciais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Itamaraty permanecem em silêncio sobre a situação.
Essa decisão gerou a reimposição de sanções pelos EUA ao governo de Nicolás Maduro. Outros países da América do Sul, como Argentina, Uruguai, Paraguai e Equador, condenaram essa inelegibilidade. No entanto, governos de esquerda, como o da Colômbia e do México, optaram pelo silêncio. Diplomatas brasileiros alegam que é prematuro se posicionar oficialmente, já que o acordo de Barbados, que prevê eleições livres e libertação de prisioneiros políticos em troca do alívio nas sanções, ainda está em vigor.
Silêncio de Lula e Itamaraty diante da inelegibilidade de María Corina Machado
O silêncio do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e do Itamaraty diante da decisão da ditadura venezuelana de inabilitar a candidatura da líder da oposição, María Corina Machado, para as próximas eleições presidenciais tem gerado controvérsias e tensões na América do Sul.
Enquanto outros países da região, como Argentina, Uruguai, Paraguai e Equador, prontamente condenaram a inelegibilidade de Machado, o Brasil permaneceu em silêncio sobre o assunto. Até mesmo governos de esquerda, como os da Colômbia e do México, optaram por não se pronunciar.
Diplomatas do Itamaraty, em reserva, argumentam que a posição oficial brasileira ainda não foi tomada, uma vez que faltam mais de seis meses para as eleições e o acordo de Barbados, que estabeleceu a realização de eleições livres e a libertação de prisioneiros políticos em troca do alívio nas sanções, continua em vigor.
O presidente Lula, conhecido por sua relação histórica com o chavismo, tem trabalhado para reabilitar o governo de Nicolás Maduro na América do Sul. Em maio do ano passado, Lula recebeu Maduro em Brasília, causando protestos de líderes como o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou e o presidente chileno Gabriel Boric.
A avaliação corrente no governo é que os países mediadores dos Acordos de Barbados, assinados em outubro de 2023, deverão buscar entendimento entre as partes antes de tomar uma posição definitiva. A Noruega, com participação do México, Estados Unidos, Barbados, Países Baixos, Rússia e Colômbia, mediou esses acordos.
O Brasil também teve que intervir no final do ano para amenizar as tensões entre Venezuela e Guiana após ameaças de Maduro de anexar a província do Essequibo por meio de ação militar. Com a chegada da nova embaixadora do Brasil em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira, nos próximos meses, a situação na região continua sendo um ponto sensível das relações exteriores brasileiras.
Venezuela prende oposicionista
A Venezuela prendeu no final do ano passado, em 6 de dezembro, um membro da oposição por suposta traição, depois que o procurador-geral disse que há mandados de prisão contra pessoas ligadas à campanha da candidata presidencial da oposição María Corina Machado por crimes que incluem traição.
Um advogado do partido Vente Venezuela, de María Corina, disse no início do dia que os funcionários sempre agiram corretamente.
A esposa de Roberto Abdul, membro da comissão que planejou as primárias em que María Corina foi eleita candidata da oposição para 2024, confirmou a prisão dele, disse Alfredo Romero, chefe da organização não governamental Foro Penal, nas redes sociais.
A Foro Penal defende regularmente os presos políticos.
Abdul já havia sido interrogado pelas autoridades em conexão com uma investigação criminal sobre as primárias, que a oposição disse ter sido transparente e justa.
Há também mandados de prisão para Henry Alviarez, Claudia Macero e Pedro Urruchurtu por crimes como traição, conspiração e lavagem de dinheiro, disse o procurador-geral Tarek Saab na televisão estatal.
Os três funcionários, juntamente com Abdul, participaram de “ações desestabilizadoras e conspiratórias” contra a votação do plebiscito sobre uma disputa territorial com a Guiana, afirmou Saab.
No plebiscito, apoiado pelo governo do presidente Nicolás Maduro, os eleitores supostamente rejeitaram a jurisdição de um tribunal internacional sobre a disputa de longa data e apoiaram a criação de um novo estado venezuelano na região de Essequibo. A consulta popular é rejeitada pela Guiana, que questionou a legitimidade da votação.
As quatro pessoas e aliados no exterior usaram “financiamento de lavagem de dinheiro por organizações internacionais e empresas estrangeiras como a Exxon Mobil” para suas atividades, disse Saab, sem fornecer mais detalhes.