- Prates compartilhou opiniões de sua demissão por Lula
- Jean mencionou razões pelas quais Lula tomou tal decisão
- Chambriard promete resgatar passado da Petrobras
Ao sair da Petrobras, Jean Paul Prates compartilhou com seus colegas de diretoria que Lula foi sucinto ao demiti-lo do cargo. Isto, durante um breve encontro no Palácio do Planalto, na última terça-feira (14).
Segundo o relato de Prates, o presidente mencionou duas razões principais para sua remoção. Primeiramente, afirmou que ambos não estavam “alinhados” quanto aos rumos da empresa. Em segundo lugar, Lula não “perdoou” o fato de Prates ter se “recusado a obedecer sua ordem para votar pela retenção dos dividendos extraordinários” que seriam distribuídos aos acionistas, incluindo a própria União.
O presidente considerou tal atitude uma afronta e uma deslealdade aos aliados.
Prates não era de desafiar as ordens do presidente. Mas Lula “está ansioso para retomar o controle total da companhia”. Assim, com o objetivo de retomar os megaprojetos como a refinaria Abreu e Lima ou o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), e construir estaleiros, antes financiados pela Sete Brasil.
Naquela época, a Petrobras representava 34% do investimento do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Além disso, a economia brasileira registrou um crescimento de 7,5% em um ano.
A escolha de Magda Chambriard
Magda Chambriard, a nova CEO da Petrobras, prometeu resgatar esse passado. Em conversas com os ministros de Minas e Energia e da Casa Civil, principais adversários de Prates no governo, ela também indicou que apoiaria seus projetos preferidos, como os gasodutos que Alexandre Silveira tem grande interesse, ou a fábrica de fertilizantes da falida Unigel, pertencente a um empresário amigo de Rui Costa.
Chambriard permitiu que indicassem pessoas de sua confiança para cargos-chave na empresa, após receber o aval de Dilma Rousseff e do ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli. Ambos consultados por Lula antes de sua confirmação.
Portanto, embora sua expertise técnica seja reconhecida, foi sua habilidade política que levou Magda ao cargo. Enquanto ela promete ressuscitar um passado nostálgico para Lula e seus ministros, para os contribuintes e acionistas da Petrobras, isso evoca “lembranças de prejuízos irrecuperáveis”.
Os números apresentados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) são contundentes: a refinaria Abreu e Lima já consumiu US$ 19 bilhões, enquanto o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) absorveu mais US$ 8 bilhões. E a Sete Brasil, destinada a financiar estaleiros com conteúdo nacional, já consumiu outros US$ 25 bilhões.
Além disso, sem contar a desastrosa política de uso do caixa da Petrobras para subsidiar os combustíveis. A qual custou mais US$ 40 bilhões.
Petrobras e as perspectivas futuras sob intervenção política
A demissão de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras pelo presidente Lula na noite de terça-feira (14), surpreendeu os agentes do mercado financeiro. Os quais, geralmente interpretaram a notícia como desfavorável para o futuro da empresa.
Prevalece a percepção de que essa mudança na liderança visa aumentar a interferência política de Lula sobre a estatal. Uma pesquisa realizada no início do mês revelou que quase metade da população acredita que o presidente exerce esse tipo de pressão sobre a Petrobras.
Nomeado pelo presidente, Prates entrava em conflito público com os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa. No último episódio, Prates propôs distribuir dividendos extraordinários da Petrobras, enquanto o governo optou por reter os recursos para reforçar os investimentos da empresa.
Em abril, a Petrobras teve que “desmentir rumores sobre a demissão de Prates”, que circularam após uma série de notícias sugerirem uma mudança na liderança. Pouco antes, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) iniciou uma investigação sobre informações relacionadas à Petrobras, devido aos comunicados que circulavam.
Apesar da “pressão inicial”, o clima de incerteza em torno da posição de Prates parecia ter diminuído nas últimas semanas.
“Ele (Prates) até levou isso numa boa e depois o assunto meio que se dissipou”, afirmou Frederico Nobre, chefe de análises da Warren Investimentos.
“Fomos completamente pegos de surpresa com essa notícia agora”, complementa.
O economista, portanto, complementa que a decisão é “bastante negativa”.
“Primeiro porque traz uma falta de credibilidade, uma insegurança. E acho que é desnecessário, porque o Jean Paul Prates estava fazendo um trabalho bem razoável, é um cara bem ponderado, que vem do setor, que conhece o setor, que conhece a empresa”, confirma.