A lista de credores da Americanas (AMER3) pode não refletir totalmente a dívida da varejista e já foi questionada por dois bancos: Deutsche Bank e BV. Diante de inconsistências nos dados e da falta de informações ao longo das últimas semanas, os bancos credores não descartam que a empresa tenha de fazer ajustes importantes, mostra reportagem do Estadão.
Nos bastidores, houve espanto com o nível de divergência das informações, da ordem de bilhões de reais. Na recuperação judicial, a empresa pediu proteção contra R$ 43 bilhões em dívidas, montante que caiu em cerca de R$ 2 bilhões na lista de credores apresentada à Justiça.
“Não se pode assinar que o rombo era de R$ 20 bilhões. Não há clareza disso”, disse uma fonte.
Segundo ela, a empresa ainda trabalha para entender o tamanho das inconsistências em seu balanço. Nos bastidores, os bancos afirmam que houve fraude.
A lista “oficial” de empresas, bancos e instituições que devem tomar “calote” da Americanas finalmente foi divulgada pela companhia na manhã desta quarta-feira (25).
A lista será entregue à Justiça nas próximas horas, informa Lauro Jardim/Globo. São 7.972 entre pessoas físicas, jurídicas e municípios. Apesar de ser considerada como oficial, algumas instituições como o Banco Votorantim e o Deutsche Bank contestam as informações divulgadas.
Apenas aos bancos, as dívidas relacionadas são:
▪️BTG: R$ 3,5 bilhões
▪️Deutsche Bank: R$ 5,2 bilhões
▪️Bradesco: R$ 4,8 bilhões
▪️Santander: R$ 3,6 bilhões
▪️Banco Votorantim: R$ 3,2 bilhões
▪️Safra: R$ 2,5 bilhões
▪️Itaú: R$ 2,9 bilhões
▪️Banco do Brasil: R$ 1,3 bilhão
▪️Caixa: 501 milhões
▪️BNDES: R$ 276 milhões
Entre as empresas se destacam:
▪️Google: R$ 94 milhões
▪️Apple: R$ 98 milhões
▪️Facebook: R$ 11,4 milhões
▪️Samsung: R$ 1,2 bilhão
▪️Nestlé: R$ 259 milhões
▪️Ferrero Rocher: R$ 14,8 milhões
▪️Modelez: R$ 97 milhões
▪️Neugebauer: R$ 15 milhões
▪️Hershey: R$ 16,7 milhões
▪️Semp: R$ 70 milhões
▪️LG: R$ 52,8 milhões
▪️Lenovo: R$ 31 milhões
▪️Dell: R$ 36,8 milhões
Os lojistas que vendem mercadorias para o marketplace da Americanas não estão na lista de credores da varejista. No fim de 2022, 150 mil lojistas vendiam seus produtos por meio da companhia. As exceções que aparecem na lista podem ser entendidas como casos em que o vendedor é também fabricante de um produto, podendo vender diretamente para a Americanas, informa o Valor Pro. Os lojistas são clientes da empresa e sua plataforma atua como intermediária e não como compradora da companhia.
Além das dívidas com credores, que chega a R$ 43 bilhões, a Americanas SA (AMER3) tem dívidas tributárias com o governo federal e com os Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, informa o Estadão. Dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e das secretarias de Fazenda dos dois maiores Estados do país mostram que os valores chegam a cerca de R$ 1,8 bilhão.
A dívida fiscal não é incluída no plano de recuperação judicial, informou ao jornal o sócio da área Tributária do escritório Urbano Vitalino Advogados, Fábio Cury. Porém, a empresa precisa demonstrar ter capacidade de honrar esse passivo. Após aprovado o plano, ela tem várias maneiras de abater seus débitos com o Fisco, como parcelar em até 145 vezes e reduzir em até 70% algumas multas, desde que cumpridos alguns requisitos, explicou Cury.