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Mão de obra qualificada é um gargalo do mercado brasileiro, aponta estudo

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Apontada por especialistas com um dos grandes desafios para a indústria brasileira, encontrar mão de obra qualificada não é tarefa fácil para diversos setores da economia. Na indústria brasileira, por exemplo, a qualificação profissional é um gargalo que afeta a produtividade, a capacidade de inovação e, consequentemente, a competitividade empresarial. 

O Plano de Retomada da Indústria, apresentado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), cita a educação como um dos desafios a serem superados pelo setor e destaca que garantir a formação dos jovens para o mercado de trabalho passa, impreterivelmente, por uma política nacional de educação profissional e tecnológica. O documento lista ainda a implementação plena do novo ensino médio – em especial o itinerário de formação técnica e profissional – e a modernização do sistema de aprendizagem como caminhos que levam ao aperfeiçoamento dos profissionais brasileiros. 

Além disso, os mais recentes indicadores do Mapa do Trabalho Industrial 2022, preparado pelo Observatório Nacional da Indústria, indicam que o Brasil precisa investir no aprimoramento e capacitação de pelo menos 9,6 milhões de trabalhadores no setor industrial pelos próximos três anos. E esta é uma realidade que ultrapassa as fronteiras da indústria e afeta todos os setores da economia, como revela o “Custo Brasil”, estudo apresentado no último mês pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O documento mostrou que ‘Empregar Capital Humano’ – eixo que comtempla a qualificação de mão de obra, detalha os encargos trabalhistas, processos e encargos jurídicos – representa mais de 8% do Custo do país, que atingiu R$ 1,7 trilhão. Segundo a pesquisa, em valores, empregar no Brasil abocanhou R$360 bilhões das receitas.

O dado acende o alerta especial para a baixa qualificação de mão de obra, que segundo o conselheiro executivo do MBC, Rogério Cauiby, pode gerar em pouco tempo, um “apagão” de mão de obra, onde haverá posições disponíveis sem profissionais qualificados para atendê-las. 

Ainda de acordo com o executivo, esse movimento já é perceptível, em setores como o de tecnologia. Caiuby observa a pesquisa “Transformação digital, produtividade e crescimento econômico”, desenvolvida também pelo Movimento Brasil Competitivo, que mostrou a importância de investir em transformação digital. “É preciso investir em educação básica e inclusiva, com práticas que estimulem e possibilitem o acesso ao ensino das ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). O Brasil tem potencial para se consolidar como referência em formação e qualificação para a transformação digital voltada à sustentabilidade, pelos programas de larga escala que geram valor e inovação, indo além do desenvolvimento e produção de bens, serviços e conteúdos digitais transformadores”, afirma.

Segundo o levantamento do Custo Brasil, no período analisado, os encargos trabalhistas permaneceram estáveis, o volume de processos trabalhistas diminuiu, mas a habilidade da força de trabalho foi impactada negativamente por entraves que fizeram o país deixar de crescer.

“Esse cenário reflete como o Brasil ainda aloca mal seus recursos e evidencia a defasagem do ensino básico e profissionalizante, o que interfere diretamente na competitividade nacional”, aponta. 

Entraves econômicos e burocracias impedem o crescimento do país

Resultado de um conjunto de entraves que oneram o ambiente de negócios nacional, o Custo Brasil foi medido pela primeira vez em 2019, totalizando R$1,5 trilhão, 22% do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar de representar um aumento de cerca de 16% em termos nominais, o novo Custo, quando comparado ao PIB de 2021, tem sua representatividade reduzida, alcançando 19,5%. “Apesar do crescimento nominal, o número apresentou estabilidade em termos reais, justificado pela inflação do período, assim como pela pequena variação dos gaps comparativos entre Brasil e os países que integram a OCDE”, destaca Rogério Caiuby, conselheiro executivo do Movimento Brasil Competitivo. 

Segundo Caiuby, para transformar essa realidade, é vital estratégias e união das iniciativas pública e privada, e destacou a importância da parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que, por meio, da Secretaria de Competitividade e Política Regulatória, desenvolve um Plano de Redução do Custo Brasil, a ser executado entre 2023 e 2026.