O mundo está atravessando um dos períodos mais complexos da sua história. No Brasil não é diferente e os desafios econômicos e de negócios exigem que as empresas inovem constantemente para garantir o desenvolvimento das suas operações, com geração de emprego, renda, adequação às questões regulatórias e tributárias. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase metade (48%) das empresas brasileiras fecham em até três anos. E muitas vezes, o principal motivo é a falta de uma gestão eficiente. Por outro lado, o Brasil também é, de acordo com um recente relatório global do StartupBlink, um dos ecossistemas mundiais emergentes mais inovadores, ocupando a posição 26 no ranking de 100 países.
Nesse cenário, para superar esses e outros desafios, é imperativo que as organizações invistam em estruturas e práticas de governança corporativa robustas para atrair investidores, definir uma estratégia e modelo de negócio que atenda não somente as expectativas dos acionistas mas dos demais stakeholders, normatizar processos, gerir o negócio e monitorar os seus riscos, expandir operações de uma forma organizada e estruturada, e assegurar a transparência e equidade nas comunicações ao mercado . A governança corporativa também preserva o valor da empresa no longo prazo, assegura a longevidade financeira sustentável, promove credibilidade a imagem e a valorização da marca. Adicionalmente, buscar o alinhamento das práticas atuais às melhores práticas de governança estabelecidas por regulamentos e códigos de governança corporativa do mercado é ainda mais necessário para viabilizar a transformação digital, às iniciativas relacionadas ao programa ESG (Environmental, Social and Governance), bem como para a implementação de métricas e KPIs de gestão das operações e resultados.
Em Minas Gerais esse movimento também é crescente, e pode ser ainda maior a medida que executivos e empreendedores percebem vantagens operacionais e competitivas com a implementação da governança corporativa. Minas registou em 2021 a maior participação no Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos 20 anos, sendo responsável por 9,3% das riquezas produzidas do Brasil, com R$ 805,5 bilhões. Além disso, o PIB estadual avançou 5,1% comparando com 2020, puxado principalmente por atividades de indústria e serviços. Minas Gerais, também, atingiu, nas exportações de 2021, o melhor resultado dos últimos dez anos, com crescimento de 45% em relação a 2020, chegando ao valor histórico de US$ 38,1 bilhões. Com isso, as exportações mineiras chegaram na segunda posição entre os maiores exportadores do país, responsável por 13,6% dos produtos enviados ao exterior.
Com todo esse potencial econômico, e a globalização também estimulando as organizações a estarem cada vez mais em conformidade com normas internacionais, a governança corporativa só tem a agregar. E um mundo complexo, globalizado, desafiador e de constante inovação. Cada vez mais o mercado exige profissionalismo das empresas e há uma pressão cada vez maior de toda a cadeira de relacionamento da empresa, incluindo clientes, consumidores, fornecedores, funcionários e outros stakeholders por transparência dos negócios. No caso de Minas Gerais, os dados evidenciam que há oportunidades para o crescimento do mercado em âmbito local, nacional e internacional. O sucesso dessa jornada será diretamente proporcional à qualidade da gestão estratégica e da adoção de boas práticas de governança corporativa.
Por Ray Souza é sócio de Mercados da KPMG no Brasil e líder Regional em Minas Gerais.
Por Eliete Martins é sócia-líder de Governança Corporativa da KPMG no Brasil.