A Natura&Co (NTCO3) está em busca de um novo rumo para a The Body Shop, a marca britânica de cosméticos naturais que adquiriu há quatro anos por € 1 bilhão. A empresa brasileira anunciou nesta terça-feira que está explorando alternativas estratégicas para o negócio, incluindo uma possível venda.
A decisão reflete os desafios que a Natura&Co enfrenta para reverter o desempenho da The Body Shop, que tem sofrido com a queda nas vendas, a concorrência acirrada e a necessidade de modernizar sua imagem e seus produtos. A marca, fundada em 1976 por Anita Roddick, foi pioneira no conceito de cosméticos éticos e sustentáveis, mas perdeu relevância e atratividade nos últimos anos.
Segundo dados divulgados pela Natura&Co, a The Body Shop registrou uma receita líquida de R$ 4,4 bilhões em 2020, uma redução de 24% em relação ao ano anterior. O resultado operacional (EBITDA) foi de R$ 536 milhões, uma queda de 28%. A margem EBITDA caiu de 13,7% para 12,2%. A marca também apresentou um prejuízo líquido de R$ 1 bilhão no ano passado.
A pandemia de covid-19 teve um impacto negativo sobre o negócio, que depende muito das vendas em lojas físicas. A The Body Shop possui cerca de 3 mil pontos de venda em mais de 60 países, sendo que a maior parte está localizada na Europa e na Ásia. O e-commerce representa apenas 12% das vendas totais, segundo estimativas do Goldman Sachs.
Além disso, a The Body Shop enfrenta uma forte concorrência de outras marcas que também apostam na proposta de cosméticos naturais e sustentáveis, como a Lush e a Rituals. Para recuperar sua relevância e seu diferencial, a marca precisa investir em inovação, renovação do portfólio, expansão geográfica e digitalização.
No entanto, esses investimentos demandam recursos financeiros e gerenciais que podem estar escassos na Natura&Co, que também tem outras prioridades estratégicas. A empresa brasileira concluiu recentemente a integração da Avon, comprada em 2019 por US$ 3,7 bilhões, e vendeu neste ano a Aesop, marca australiana de cosméticos premium, para a L’Oréal por US$ 2,5 bilhões.
A venda da The Body Shop pode ser uma forma de simplificar o portfólio da Natura&Co e liberar capital para investir nas marcas que têm maior potencial de crescimento e rentabilidade. No entanto, o preço e o formato da operação ainda são incertos. O Itaú BBA estima que a The Body Shop vale hoje cerca de R$ 3,2 bilhões (6x EBITDA), o que representa uma forte desvalorização em relação ao valor pago pela Natura&Co em 2017.
A Natura&Co afirmou que ainda não há nenhuma decisão tomada sobre o destino da The Body Shop e que manterá o mercado informado sobre os próximos passos. A empresa disse que continua comprometida com o desenvolvimento da marca e com sua missão de promover o bem-estar das pessoas e do planeta.
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