Colunistas

O que são ETFs e qual a sua importância para o mercado cripto

ETFs americanos 800x450 1
ETFs americanos 800x450 1

No mundo cripto, o assunto ETF tem sido um dos principais temas discutidos entre investidores e entusiastas desse mercado. Não é por menos: podemos estar próximos da aprovação de um ETF de bitcoin à vista nos EUA. Neste artigo, vamos entender melhor o que é esse instrumento de investimento e porque ele é importante para o bitcoin.

O que é um ETF

Um ETF, ou Exchange Traded Fund, é um fundo de investimento que replica o desempenho de um índice, um ativo ou uma cesta de ativos. Os ETFs são negociados na bolsa de valores, tal como as ações, o que significa que os investidores podem comprar e vender cotas de ETF durante todo o dia de negociação.

Por exemplo, um ETF que replica o desempenho do S&P 500 pode comprar e vender ações das 500 maiores empresas listadas na bolsa dos Estados Unidos, o que permite ao investidor acesso a um portfólio diversificado de ações.

Aliás, o maior ETF do mundo é o SPDR S&P 500 ETF Trust, também conhecido como SPY, que tem um patrimônio líquido de mais de US$ 400 bilhões e é negociado na Bolsa de Valores de Nova York, a NYSE.

Os ETFs também são uma boa opção para investidores que desejam investir em ativos específicos, como ouro, petróleo ou títulos. Por exemplo, um ETF que replica o preço do ouro compra e vende ouro. Isso permite que os investidores acessem o mercado de ouro sem precisar comprar barras ou moedas de ouro físicas.

Os ETFs são uma ferramenta popular de investimento para investidores de todos os níveis de experiência, desde o varejo até o institucional, pois oferecem uma série de vantagens.

Quais são as vantagens dos ETFs?

  • Baixo custo: em comparação aos muitos outros instrumentos de investimento, os ETFs geralmente apresentam taxas de administração mais baixas.
  • Diversificação: com uma única cota de ETF, os investidores podem obter exposição a uma ampla gama de ativos abrangendo diferentes setores, regiões e países.
  • Liquidez: por serem negociados em bolsa, os ETFs oferecem ao investidor a possibilidade de comprar ou vender cotas durante o horário de funcionamento do mercado.
  • Simplicidade: em vez de analisar cada ativo individualmente, os investidores podem optar por um ETF que se alinhe ao seu perfil e objetivos, evitando a complexidade da seleção e do rebalanceamento contínuo de ativos.

O tamanho do mercado de ETFs

O mercado de ETFs apresenta um tamanho considerável, com um valor estimado em US$ 9,3 trilhões e mais de 10.000 ETFs sendo negociados globalmente.

A maior parte desses ETFs é negociada nos Estados Unidos, onde existem aproximadamente 7.000 ETFs com um valor de AUM, sigla que representa o termo em inglês “Assets Under Management”, que significa “Ativos Sob Gestão”, totalizando US$ 6,9 trilhões. A Europa ocupa a segunda posição neste mercado, contando com mais de 2.000 ETFs e um AUM de US$ 1,7 trilhão.

A tendência é que a popularidade dos ETFs continue crescendo nos próximos anos.

ETFs e o Bitcoin

Lembra-se do exemplo do ETF do ouro no início do artigo? Essa analogia também se aplica ao bitcoin.

Com um ETF, o investidor que deseja se expor ao preço do bitcoin não precisa adquirir e custodiar o ativo por conta própria; basta adquirir cotas do ETF.

E é por isso que a aprovação de um ETF de bitcoin à vista pode ser tão relevante para o mercado cripto. Ele pode proporcionar exposição a muitos investidores que desejam investir em bitcoin de maneira simples e segura ao utilizar um dos instrumentos de investimento mais práticos que existem.

Nos Estados Unidos, existem ETFs de bitcoin que se baseiam em contratos futuros, não em bitcoin à vista (ou “spot”). A demanda por um ETF de bitcoin à vista é antiga, pelo menos desde 2017, quando os primeiros pedidos foram realizados.

Globalmente, já existem ETFs de bitcoin à vista, como no Canadá e no Brasil. O Canadá, aliás, foi o primeiro país a aprovar um ETF de bitcoin à vista: o Purpose Bitcoin ETF, lançado em fevereiro de 2021.

Neste ano, o tema ganhou destaque novamente e os pedidos por um ETF de bitcoin à vista nos EUA receberam um importante aliado.

No dia 16 de junho, a BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, com mais de US$ 9 trilhões sob gestão (AUM) e proprietária da iShares, sua subsidiária que detém a maioria dos ETFs emitidos, protocolou um pedido junto à SEC para a emissão de um ETF de bitcoin à vista. Este movimento influenciou outras grandes gestoras a fazerem o mesmo ou renovarem seus pedidos, como Fidelity, Valkyrie, Invesco, ARK e Bitwise.

O interesse da BlackRock em lançar um ETF de bitcoin é emblemático. Dos 576 pedidos de emissão de ETF que ela fez até o hoje, apenas um foi recusado. Este histórico positivo traz otimismo ao mercado.

Contudo, os pedidos ainda estão sob análise da SEC (Securities and Exchange Commission), a comissão reguladora do mercado de capitais americano. É provável que uma decisão seja tomada nos próximos oito meses.

Quais seriam as vantagens se um ETF de bitcoin fosse aprovado nos EUA?

A aprovação desse ETF tem o potencial de direcionar um grande volume de investimento ao bitcoin, considerando que estamos discutindo sobre um ETF no maior mercado financeiro do mundo: o americano.

Adicionalmente, esse ETF poderia conferir maior liquidez e estabilidade ao preço do bitcoin, já que aumentaria o volume e a frequência das transações.

Vale traçar um paralelo com o que ocorreu quando o primeiro ETF de ouro foi aprovado em 2004, o SPDR Gold Trust (GLD). Após sua aprovação, o ouro experimentou uma valorização próxima de 350% nos anos seguintes. Entretanto, é crucial entender que os mercados e as circunstâncias são diferentes e que não necessariamente o mesmo irá ocorrer com o bitcoin caso o ETF seja aprovado.

Conclusão

Como vimos, um ETF é um dos instrumentos de investimento mais práticos disponíveis atualmente.

A eventual aprovação de um ETF de bitcoin à vista poderia conferir ainda mais legitimidade e confiança ao mercado de criptoativos perante o mercado tradicional e atrair inúmeros investidores que buscam alternativas simples e confiáveis para investir.

Por Ayron Ferreira, chefe da Titanium Asset.