O Nubank (NUBR33) conquistou rapidamente espaço no mercado bancário brasileiro ( e posteriormente no de capitais) devido a sua forte política digital. A fintech veio popularizar de vez o perfil dos bancos digitais, e tirar os tradicionais bancões da zona de conforto.
No entanto, a companhia vem passando por momentos complicados no mercado nos últimos devido a “um tiro pela culatra”.
Com sua proposta de acesso simplificado ao crédito, a companhia engajou uma série de clientes em grande parte de classe C e D, e este perfil aumenta o risco da companhia sofrer “calotes”.
O Banco Bradesco aponta este risco em sua mais recente análise da fintech, está esperando mais um trimestre de deterioração nos NPLs do Nubank, o que deve impor ao banco um tradeoff desafiador.
Se continuar ampliando o ritmo de empréstimos, o Nubank pode ser impactado pela alta das provisões; se crescer mais lentamente no crédito, pode ter dificuldades com os clientes, pois as aprovações e os limites podem cair.
O Bradesco tem recomendação ‘underperform’ para o Nubank com preço-alvo de US$ 3,30.
O analista Gustavo Schroden detalhou em relatório por que espera uma alta de 60 pontos-base na inadimplência de 90 dias do Nubank no segundo trimestre – no primeiro tri, a alta foi de 70 pontos. Ele fez a estimativa com base na tendência observada nos números do banco digital no primeiro trimestre e após examinar os dados do setor.
Segundo o analista, os dados do BC mostram que o índice de inadimplência da indústria ainda tem um longo caminho a percorrer até se normalizar, voltando para os níveis pré-pandemia. “O índice médio de inadimplência de 90 dias para empréstimos pessoais (excluindo folha de pagamento) e cartões de crédito em fevereiro de 2022 estava 140 pontos-base abaixo do registrado em dezembro de 2019,” escreveu o analista.
Além disso, os dados do Nubank no primeiro trimestre mostraram uma “significativa deterioração” da inadimplência de 90 dias do banco.
O analista do Bradesco estimou o ‘NPL formation’ (a variação do saldo de créditos em atraso) em 2,4% no primeiro trimestre – ante 1,3% no quatro trimestre de 2021 – uma deterioração sequencial de 110 pontos-base.
Ademais, o Bradesco esclarece que o ‘NPL formation’ foi calculado pelo analista a partir dos dados divulgados pelo Nu no padrão IFRS. O indicador sinaliza como a qualidade do crédito está evoluindo, e no caso de aumento desse percentual, a conclusão é que inadimplência e provisões estão com tendência de alta.