Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, tem causado polêmica ao “dar uma de seu madruga” e se recusar a pagar os aluguéis dos prédios ocupados pelo Twitter desde que assumiu a plataforma em outubro.
Segundo informações do Financial Times, Musk teria dito a interlocutores que a empresa só pagaria os aluguéis “por cima de meu cadáver”. Essa atitude tem gerado uma série de processos contra o Twitter e teve um impacto significativo para a Goldman Sachs.
No primeiro trimestre deste ano, a inadimplência na carteira de empréstimos do banco para imóveis corporativos disparou, em grande parte devido ao calote do Twitter. A inadimplência dessa carteira aumentou 612% no período, atingindo US$ 840 milhões, de um total de US$ 8,4 bilhões. Esse aumento foi muito maior do que a média do mercado americano, que viu a inadimplência nesse tipo de crédito subir 30% para US$ 12 bilhões.
A taxa de inadimplência da Goldman nesse segmento é bastante elevada, chegando a 10%, enquanto a média do setor é de cerca de 1%. O impacto para o banco está relacionado aos empréstimos feitos, juntamente com outros dois bancos, para o REIT Columbia Property, que é proprietário de sete prédios comerciais em São Francisco e Nova York, incluindo dois alugados pelo Twitter. Em fevereiro, o Columbia Property deixou de pagar as parcelas desse empréstimo e já entrou com um processo contra o Twitter exigindo o pagamento dos aluguéis em atraso.
Apesar do aumento da inadimplência, o impacto para a Goldman Sachs não deve ser tão relevante, de acordo com o Financial Times. O banco tem uma exposição relativamente pequena nesse segmento, quando comparado com os grandes bancos comerciais. Enquanto a exposição da Goldman é de US$ 8,4 bilhões, o Wells Fargo possui uma carteira de US$ 91 bilhões nesse setor, e o Bank of America, de US$ 60 bilhões. Um analista da Oppenheimer afirmou ao FT que o crédito não é tão importante para a Goldman.
Esse aumento da inadimplência ocorre em um contexto de crescimento agressivo da carteira de crédito da Goldman nos últimos anos. Há uma década, a carteira total de crédito do banco era de apenas US$ 3 bilhões, enquanto hoje ultrapassa os US$ 180 bilhões. A Goldman também tem demonstrado estar mais disposta a emprestar para empresas com maior risco. Segundo o FT, mais de 65% do crédito comercial da Goldman é destinado a empresas que não possuem grau de investimento, em comparação com 28% no JP Morgan e 17% no Citigroup.