- A Petrobras está finalizando o due diligence para a possível recompra da refinaria de Mataripe, que havia vendido ao fundo soberano de Abu Dhabi
- No entanto, as partes ainda não alcançaram um acordo sobre a estrutura e o preço da recompra
- O Ineep estimou em 2021 que a refinaria tinha um valor entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões
A Petrobras (PETR3; PETR4) está finalizando o due diligence para a possível recompra da refinaria de Mataripe, que havia vendido ao fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala. Por US$ 1,65 bilhão em 2021, de acordo com fontes consultadas pela Reuters.
O presidente Lula que se opôs à venda das refinarias e pressionou a Petrobras a acelerar investimentos no setor, está acompanhando de perto a situação. No entanto, as partes ainda não alcançaram um acordo sobre a estrutura e o preço da recompra. O que pode atrasar as negociações em andamento. Segundo algumas avaliações, venderam a refinaria, também conhecida como RLAM, por um valor abaixo do mercado.
A Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu, no entanto, que a Petrobras pode ter vendido a refinaria com um desconto durante a pandemia de Covid-19. O Instituto de Estudos Estratégicos em Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) estimou em 2021 que a refinaria tinha um valor entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões.
A discussão sobre a recompra surgiu no ano passado, quando a Mubadala Capital sugeriu um investimento em refino tradicional. Além disso, de uma parceria para o desenvolvimento de uma biorrefinaria na Bahia. A Petrobras não comentou imediatamente sobre o assunto. E os representantes da Mubadala Capital se abstiveram de fazer declarações.
“Se me perguntasse se a Petrobras deveria ter vendido, eu responderia, peremptoriamente, que não. Agora, se me perguntar se deve comprar, só deve comprar se for altamente atrativa para a empresa e altamente estratégico para eles”, comentou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, à Reuters.
Planejamento de compra de participação
Em uma recente entrevista, o presidente da Petrobras mencionou que está em conversações com representantes da refinaria de Mataripe.
De acordo com uma fonte próxima às negociações, a Petrobras planejava inicialmente adquirir uma participação de 80% na refinaria e fazer um investimento minoritário na unidade de biorrefino. No entanto, com a substituição de Jean Paul Prates pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em maio, não está claro se essa estrutura de acordo ainda será seguida.
Além disso, a Petrobras está considerando oferecer à Mubadala o mesmo valor pago pela refinaria em 2021. Ajustado por juros e reembolsos dos investimentos feitos pelo fundo para atualizar a planta, conforme duas fontes próximas às discussões.
Atualmente, a Petrobras possui 11 refinarias responsáveis por cerca de 80% da produção nacional de combustíveis fósseis, após ter vendido duas unidades durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Como parte de uma estratégia para se concentrar na exploração em águas profundas.
A refinaria de Mataripe, construída na década de 1950, é a segunda maior do Brasil, com a maior capacidade de produção de gasolina, diesel e outros derivados no Norte e Nordeste do país. Isto, segundo a operadora Acelen, controlada pela Mubadala. O ministro Silveira afirmou que o fundo pretende vender a RLAM porque adquiriu a unidade na expectativa de que a Petrobras venderia outras refinarias. No entanto, a participação da Mubadala no mercado de refino brasileiro ainda é eclipsada pela presença dominante da Petrobras.
“Essa recompra vai ter que acontecer, não faz mais sentido que um investidor privado como Mubadala possua uma refinaria no Brasil”, apontou Adriano Pires, especialista da indústria petrolífera que foi cogitado como potencial CEO da Petrobras.
Due Diligence
Due diligence é um processo de investigação e análise detalhada que uma empresa ou investidor realiza antes de concluir uma transação importante, como uma aquisição, fusão, investimento ou parceria. O objetivo da due diligence é avaliar os aspectos críticos da transação para identificar e compreender os riscos e benefícios associados.
Principais Aspectos da Due Diligence:
- Financeiro: Avaliação das finanças da empresa alvo, incluindo balanços patrimoniais, demonstrações de resultados, fluxo de caixa, e outros relatórios financeiros para garantir que não haja problemas ocultos ou irregularidades.
- Legal: Revisão dos contratos, acordos, litígios em andamento, e conformidade com regulamentações e leis aplicáveis. Isso ajuda a identificar possíveis passivos legais e obrigações contratuais.
- Operacional: Análise das operações da empresa, incluindo processos internos, estrutura organizacional, e eficiência operacional. Avalia-se a capacidade da empresa de continuar a operar sem problemas.
- Comercial: Exame dos mercados em que a empresa atua, sua posição competitiva, e o potencial de crescimento. Inclui a revisão de contratos com clientes e fornecedores e a análise da base de clientes.
- Tecnológico: Avaliação da infraestrutura tecnológica, incluindo sistemas de TI, propriedade intelectual e inovações tecnológicas, para garantir que sejam adequados e atualizados.
- Ambiental: Verificação da conformidade com regulamentações ambientais e análise de possíveis passivos ambientais que possam afetar a empresa.
A due diligence é essencial para tomar decisões informadas e minimizar o risco de surpresas indesejadas após a conclusão da transação.