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Por que o Euro tem se desvalorizado frente ao Dólar?

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Na última semana, o Euro chegou a cair abaixo da paridade em relação ao dólar chegando ao patamar de US$ 0,998. É a primeira vez em quase 20 anos que isso acontece em um cenário mundial de alta de juros pelo mundo e inflação pressionando os preços cada vez mais para cima. Esse foi o nível mais baixo em que chegou o euro desde dezembro de 2002. Na manhã desta quarta (20), o Euro chegou a US$ 1,02, mostrando leve recuperação.

Para Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, a Europa está pagando o preço de ter ficado para trás em relação ao mundo na política monetária. 

“A Europa até agora não começou a subir juros. E com inflação fazendo alta em cima de alta, isso vai deixando o diferencial de juros muito negativo. Com isso, o dinheiro foge desses lugares. O dinheiro está desvalorizando muito parado lá. Então, os investidores começam a buscar lugares com juros mais altos ou uma segurança maior. E muitos estão migrando seus investimentos para os EUA, que já começou a subir juros. Por isso, vemos o dólar se valorizar perante todas as moedas”, explica Oliveira.

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, além de elencar como motivo a migração de investidores para outras economias, cita também o risco real do Nord Stream, o principal gasoduto Rússia-Europa, que passará por manutenção até o dia 21 de julho, e pode não voltar a operar de imediato, alimentando o medo de recessão na Europa.

De joia da coroa a patinho feio, a Europa vem vivendo dias difíceis com os resquícios da pandemia, inflação elevada, guerra entre Rússia e Ucrânia e por não poder acompanhar a magnitude da alta de juros que vai acontecer nos EUA, o que naturalmente tira a atratividade da sua dívida“, afirma Alves.

Para o sócio da Ação Brasil, o enfraquecimento do euro, querendo ou não, representa em parte um perda de força da Europa, desde o Brexit, e agora com a guerra entre Rússia e Ucrânia: 

“Hoje, pelo medo da recessão, o dólar mais do que nunca virou a moeda de referência. O mundo pode ficar mais pobre durante a recessão, com maior concentração de riqueza, mas principalmente em relação aos demais países que tenham maior reserva em dólar“.

Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco, acredita que o cenário de inflação no mundo e também na Europa tem colaborado para a desvalorização do euro perante outras moedas.

Acredito que a inflação no mundo deve continuar alta devido, principalmente, à guerra na Ucrânia que não parece estar perto do fim. Na UE, houve corte no crescimento na zona do euro para esse ano e 2023. A Europa, em sua maior parte, só agora está pensando em aumentar os juros”, diz.

Para Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, o euro não deve se recuperar no curto prazo. “A Europa possivelmente deve entrar em recessão e o mercado está querendo diminuir a exposição na Europa. O mundo está comprando mais dólares e, com o medo, investidores fogem para aplicações mais protegidas e seguras”.

Então, segundo Labarthe, o cenário de curto prazo não é de valorização do euro, porém no médio longo prazo sim: “Pelo fato de o euro existir em uma quantidade menor de moeda no mundo, é normal o euro voltar a ser mais valorizado perante ao dólar”.