Alta esperada dos preços administrados foi revisada para baixo, enquanto a projeção dos preços dos bens e serviços livres aumentou
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta quarta-feira (29/6), a revisão da previsão para a inflação brasileira em 2022. A variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi revista de 6,5% para 6,6%, enquanto a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) se manteve em 6,3%, conforme tabelas abaixo:
A inflação brasileira, assim como em outros países do mundo, tem sido impactada pela aceleração dos preços das principais commodities no mercado internacional, refletindo os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia sobre a produção e comercialização de petróleo, gás e cereais, além do persistente descasamento entre a oferta e a demanda mundial de insumos industriais. Além disso, os danos em diversas lavouras temporárias pelos eventos climáticos, no início de 2022, e a retomada do setor de serviços, neste período pós-pandemia de Covid-19, completam este quadro de pressão inflacionária este ano. Desta forma, no acumulado do ano, até maio, a inflação brasileira, medida pelo IPCA, já chega a 4,8%. Nos últimos 12 meses, a alta acumulada é de 11,7%.
Apesar deste contexto marcado por uma inflação corrente elevada e pela perspectiva de que pontos de pressão inflacionária, como petróleo, bens industriais e serviços, ainda se mostrem resilientes à queda, o cenário inflacionário projetado para os próximos meses vem se tornando mais favorável. Além da expectativa de uma acomodação no preço das commodities agrícolas e da estimativa de melhora na projeção da safra brasileira em 2022, a implementação da Lei Complementar no 194/2022 deve contribuir para uma alta bem menos acentuada dos preços administrados este ano.
A estimativa de inflação do Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea para o IPCA, em 2022, foi levemente revista para cima, passando de 6,5%, conforme divulgado na edição anterior da Visão Geral da Carta de Conjuntura, para 6,6%. Além de uma revisão maior dos alimentos no domicílio e dos bens livres, cujas previsões avançaram de 9,1% e 5,4% para 12,3% e 9,1%, respectivamente, a inflação estimada para os serviços livres também foi majorada, passando de 5,5% para 6,8%. Em contrapartida, a inflação estimada para os preços monitorados recuou de 6,9% para 1,1%.
Embora a projeção para o INPC tenha se mantido em 6,3%, em 2022, houve uma mudança de composição. Há expectativa de alta mais acentuada dos preços livres, refletindo uma pressão maior dos preços dos alimentos, dos bens industriais e dos serviços livres, cujas taxas de variação estimadas mudaram de 9,3%, 5,2% e 4,8%, para 12,6%, 8,9% e 6,6%, respectivamente. Entretanto, a inflação esperada dos preços monitorados passou de uma alta de 6,6% para uma queda de 0,9%.
Em relação às expectativas para o ano de 2023, tanto o IPCA, quanto o INPC, foram revistos para cima, com a alta projetada passando de 3,6% para 4,7%, em ambos os indicadores. Essa revisão está associada aos possíveis repasses originados da maior inflação dos preços livres este ano e à expectativa de um comportamento menos favorável dos preços monitorados no próximo ano.