O conflito entre Rússia e Ucrânia já ultrapassa 130 dias e não dá sinais de que irá acabar em breve. Aliás, a resposta que todos buscam para esse imbróglio é: quando terminará a guerra no leste europeu? Obviamente, essa questão é importante, mas o fim dos combates não encerra os problemas e desafios evidenciados pelas hostilidades entre as nações.
Os aspectos bélicos, diplomáticos, econômicos e, de forma inédita, de comunicação, continuarão a influenciar e a gerar desdobramentos por muitos anos, sem falar da grave questão humanitária. O novo cenário geopolítico está se movimentando consistentemente entre o ocidente e o oriente, demonstrando diferentes aspectos que os países deverão considerar para estabelecer o desenvolvimento desejado.
A comunicação digital e as mídias sociais, o novo palco apresentado nesse conflito entre Ucrânia e Rússia, evidencia a importância do uso de tecnologias para o combate no campo da informação, transparência e construção das narrativas correlatas aos acontecimentos no campo bélico, diplomático e econômico. Nesse aspecto, especificamente, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, demonstrou competência e eficácia na divulgação de informação ao mundo sobre o que está acontecendo em seu país. Sem essa ferramenta das mídias sociais, a Ucrânia seria varrida por uma força bélica desproporcional, com poucas consequências públicas mundiais ao invasor russo.
No palco econômico da guerra, a segurança alimentar, produção de insumos e produtos de base para indústria, acesso a canais de logística e distribuição e o preço das matérias-primas deverão ser analisados estrategicamente, monitorados e gestados para que as nações não sofram cada vez mais consequências negativas.
Nesse cenário de conflito, a economia brasileira foi afetada em questões relativas ao aumento da inflação, balança de pagamentos, derivados do petróleo e combustíveis, gás de cozinha, indústria química, fertilizantes, insumos de base para a indústria em geral e variações nas commodities.
Em decorrência, o Brasil tem uma lição de casa importante de estruturar suas decisões e políticas públicas que nortearão o desenvolvimento de tecnologias e inovações, atividades empresariais, negócios sustentáveis e alternativas às formas de produção essenciais e estratégicas que atualmente estão sendo utilizadas. O desafio será dos tomadores de decisão pública, dos políticos, empresários, dirigentes e do sistema financeiro em modificar o foco exclusivo no resultado financeiro para o resultado de desenvolvimento ampliado da sociedade com equilíbrio financeiro e sustentabilidade.
Apesar da supremacia bélica dos russos e da resistência heroica da Ucrânia, quanto mais perdurar a guerra, mais difícil será para o país de Vladmir Putin. No momento, o impasse é formado pela retirada das tropas russas e a tentativa de avanço na ocupação do território ucraniano, o que impossibilitaria a declaração de vitória ao invasor. Além disso, poderia culminar em resistências de guerrilhas por muitos meses e, talvez, anos de conflitos, levando a consequências devastadoras nos campos diplomáticos e econômico da nação russa.
Desta forma, a atuação e capacidade de construir uma saída adequada para a Ucrânia e Rússia por parte dos organismos internacionais, da OTAN, da União Europeia, dos Estados Unidos e de países asiáticos, em especial da China, se configurará no movimento mais importante para finalizar a guerra e iniciar a reconstrução das feridas e consequências para um novo futuro. Resta, também, combinar com os russos!
Por Eduardo Fayet, professor de Relações Institucionais e Governamentais na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Graduado em Administração e Doutor em Engenharia da Produção.