Queda no tesouro americano foi puxada por marcações de curto prazo, aponta especialista da Avenue
O aumento da inflação, que pressiona banco centrais pelo mundo e aumenta a aversão ao risco, também traz impactos para a renda fixa fora do Brasil. Os títulos do tesouro dos Estados Unidos, por exemplo, já caíram mais de 23% desde o início do ano — em comparação, as ações negociadas em Bolsa perderam 20% de seus valores em meio à volatilidade do mercado no mesmo período. Para o analista Guilherme Zanin, da Avenue, o resultado mostra que o mercado exterior já antecipa ciclo de alta de taxas.
Como resultado, os rendimentos dos títulos de renda fixa aumentaram nos últimos meses — e as perdas por marcação a mercado no curto prazo em títulos públicos e privados sofreu de forte queda.
“As perdas são comparáveis em termos absolutos às perdas de ações, ou o chamado drawdown. Os títulos do Tesouro em 2022 do governo americano parecem ações entre 2001 e 2002 ou na crise de 2008, quando as ações saíram do topo para a sua queda máxima.”
O derretimento de ambas as classes de ativos exemplifica a volatilidade enfrentada pelo mercado financeiro nos EUA e a nível mundial. Mas, para o especialista, também indicam a influência do fator psicológico na tomada de decisões.
“Ou o mercado irá definitivamente colapsar ainda mais, ou talvez essa oscilação tenha sido extremamente abrupta e irracional. Assim, há oportunidades na renda fixa com taxas ainda mais elevadas. O importante é avaliar bem cada decisão”
explica Zanin.
A correlação entre as quedas na renda fixa e na variável não é comum, indica o especialista, mas a tendência é de estabilização nos próximos meses.
“O investidor brasileiro que busca renda em dólar deve olhar a renda fixa internacional com bons olhos. Ele vai conseguir taxas melhores e rendimentos maiores a partir da alta de juros nos Estados Unidos.”
Zanin destaca ainda as diferenças entre investir no tesouro americano e no brasileiro.
“Lá fora o mercado de renda fixa é diferente, no qual a maioria dos ativos são pré-fixados, enquanto no Brasil são pós-fixados. Mas mesmo assim, a cada seis meses, obtêm-se os retornos dos investimentos e ganhos em dólar. Quem aproveitar este movimento e conseguir taxas melhores deve colher melhores rendimentos no futuro.”