O braço do setor de adquirência (maquininhas de cartão) do Santander, a GetNet (GETT11)revelou recentemente ao mercado que seus dias na bolsa de valores estão contados. No entanto, para fechar de vez o capital da companhia, o Santader deve ter que desembolsar mais do que o planejado.
“O preço oferecido não está adequado às condições desse setor hoje,” resumiu um acionista.
O plano do Santander ao listar a GetNet na bolsa era fazer a maquininha vermelha crescer em seu negócio core de adquirência e no ecommerce para que negociar nos mesmos múltiplos de Stone e PagSeguro, o que destravaria valor para o banco.
No entanto, apesar de a Getnet estar entregando resultados, pagando dividendos e ganhando share, a tese do valuation não vingou: em vez de seguir os múltiplos das novas entrantes, o valuation da Getnet acabou ficando mais próximo do da Cielo, também controlada por bancos, o BB e Bradesco. Assim, sete meses depois da estreia da Getnet na Bolsa, o Santander Espanha mudou de ideia e surpreendeu o mercado dizendo que fecharia o capital.
A oferta, feita em maio, foi de R$ 4,72 por unit, o mesmo valor do leilão de abertura de negociação das ações em outubro de 2021.
Segundo um acionista, a ação da Getnet ‘underperformou’ a Cielo em 30% desde o lançamento da OPA. A Getnet está valendo R$ 4,3 bilhões na bolsa; e a Cielo, R$ 14 bi.
Para a KPMG, um intervalo de preço justo para os papéis da GetNet seria entre R$ 4,24 e R$ 4,66/unit, próximo ao valor oferecido pelo controlador. Nos cálculos de um investidor, o laudo implica um múltiplo de apenas 4,6x o lucro estimado para 2023 para a Getnet, contra 7,5x da Cielo e entre 15x-20x para Stone e PagSeguro.
“O Santander tem uma certa tradição em fazer operações como essa – já fez ofertas para o Santander Brasil e México no passado recente. “No México, ele elevou a oferta. Eu acredito que o Santander é ativo nesse tipo de operação e deve abrir espaço para uma revisão no preço em algum momento,” disse um minoritário.
A Getnet tem um free float de só 10% do capital. Os maiores acionistas são SPX, Norges Bank, Vinland, Samba, BlackRock, Neo, Clave e Kapitalo. Assumindo que todos os minoritários compareçam à assembleia, se pouco mais de 3,3% do capital se opuser à OPA, ela fracassa. A SPX sozinha tem 1,5% da companhia.