O saldo total da carteira de crédito deverá crescer 0,6% em junho, puxado principalmente pelo crédito às empresas, com expansão de 1%, revela a Pesquisa Especial de Crédito da Febraban. O destaque deve ficar com a carteira com recursos livres, com estimativa de alta de 1,2%, que deve mostrar alguma recuperação após o forte recuo registrado nos últimos dois meses.
Além da sazonalidade positiva das linhas de fluxo de caixa, que é típica do fim do trimestre, a carteira deverá mostrar sinais de normalização do segmento pessoa jurídica, bastante afetado pelos casos Americanas e Light no início do ano. O levantamento mostra que a carteira direcionada deve mostrar uma alta mais contida, de 0,5%. Apesar do crescimento no mês, o ritmo de expansão anual da carteira Pessoa Jurídica deve seguir perdendo fôlego, recuando de 4,4% para 3,4%.
As projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país e a pesquisa é divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central, que será divulgada em 27 de julho.
Já o crédito às famílias deverá crescer 0,3% em junho, também acomodando na variação anual (de 14,6% para 13,4%). O melhor desempenho no mês deve vir da carteira direcionada, com expansão de 0,9%, com destaque para o crédito imobiliário. Já a carteira livre deve recuar 0,2%, refletindo o nível já elevado de endividamento e inadimplência das famílias, além de alguma acomodação do consumo.
A pesquisa também detectou que o ritmo de expansão anual da carteira total deve seguir acomodando, de 10,4% para 9,3%, voltando para a casa de um dígito após 35 meses (+9,7% em junho de 2020).
“Essa trajetória de recuo gradual do ritmo de expansão do saldo em 12 meses está em linha com a nossa expectativa. No caso de pessoa física, esgotados os efeitos da recuperação após a pandemia, os números estão se ajustando ao nível dos juros e ao menor crescimento da economia”, afirma Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação e Riscos da Febraban.
“Nas operações Pessoa Jurídica, notamos uma retomada importante na carteira livre, que pode ser um sinal indicativo de que estamos em processo de normalização do mercado, após os eventos negativos no segmento corporativo no início deste ano”, complementa.
Concessões
A Pesquisa Especial de Crédito mostra que as concessões de crédito devem retrair 0,5% em junho. Entretanto, quando ajustado pelo número de dias úteis, a estimativa é de expansão de 4,3%.
O destaque deverá ficar com as operações com as empresas, com estimativa de crescimento de 7,4%, já com o ajuste por dias úteis, beneficiada pela sazonalidade positiva de fechamento de trimestre, além de algum impulso por parte dos programas públicos.
Para as famílias, o volume deve ser mais contido, de avanço de 1,4%. Neste caso, além do esgotamento dos recursos do Plano Safra 22/23, que deve voltar com força a partir deste mês, há um cenário com maiores taxas de juros e o maior endividamento das famílias.
Na visão acumulada em 12 meses, o volume de concessões deve seguir desacelerando, de 10,5% para 8,8%. A acomodação deve ocorrer tanto nas operações com recursos livres (de 9,5% para 8,2%), quanto nas operações com recursos direcionados (18,6% para 14,3%).
A Pesquisa Especial de Crédito de pode ser acessada neste link.