A Selic deve encerrar o ano a 12%, de acordo com o Grupo Consultivo Macroeconômico da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), com o ciclo de queda iniciando com uma redução de 0,25 p.p. neste mês. Para os economistas, a desinflação doméstica, os efeitos da política monetária na atividade e o cenário externo contribuem para esse quadro.
“A possibilidade de o Fed ter encerrado o ciclo de alta dos juros sem a economia dos EUA ter entrado em recessão fortalece a valorização do real e traz uma pressão menor sobre os preços, com um cenário mais construtivo para a economia brasileira”, afirma Fernando Honorato, coordenador do Grupo Consultivo Macroeconômico da ANBIMA.
A mediana das projeções do grupo aponta para sucessivas reduções de 0,50 p.p. entre setembro e dezembro, com esse ritmo de corte prosseguindo até julho de 2024, quando a Selic estaciona em 9,50% e permaneceria nesse patamar até o final do próximo ano.
Em relação ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o grupo reduziu a previsão para 2023 de 5,1% para 4,8%, com o patamar máximo observado na discussão em 5,2% e, o mínimo, em 4,5%, ainda acima do centro da meta de 3,25% estabelecida para este ano.
Na avaliação do grupo, o fim do ciclo de alta dos juros nos EUA favorece as economias emergentes e deve se refletir em novas valorizações nas taxas de câmbio desses países. Já em relação à Europa, a percepção é de que o ciclo de aumento dos juros continuará de forma gradual diante da maior resiliência inflacionaria. Ainda no cenário externo, os resultados dos indicadores econômicos da China, que mostram desaceleração, chamam atenção, assim como a menor disposição do governo chinês em injetar dinheiro na economia na mesma intensidade de ocasiões anteriores.
Em relação ao câmbio, a projeção para o final deste ano passou de R$ 5,09 para R$ 4,98. Já sobre a atividade econômica, o grupo manteve a previsão do PIB em 2,25% para 2023.
Na análise da política fiscal, apesar da aprovação do arcabouço, o grupo enxerga incertezas em relação à dinâmica das receitas e manteve a projeção de déficit primário em torno de 1,0% do PIB, patamar que vem se repetindo desde abril.