A Selic deve encerrar o ano a 12,25%, de acordo com o Grupo Consultivo Macroeconômico da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), ante uma projeção de 12,50% anteriormente. Os economistas mantêm a previsão de início do ciclo de queda dos juros para setembro, com o ambiente de redução da inflação sendo visto nos preços dos alimentos e na deflação dos índices gerais de preços, sobretudo na parte de bens industriais. O Banco Central deve iniciar o movimento com uma diminuição de 0,50 pontos percentuais, para 13,25%.
Diante dos resultados recentes do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o grupo reduziu a previsão para a inflação em 2023 de 6,1% para 5,1%, com o patamar máximo observado na discussão no colegiado em 5,6% e, o mínimo, em 4,7%, portanto ainda superior ao centro da meta de 3,25% estipulada.
O grupo prevê um ambiente externo mais favorável, com a maior parte dos analistas acreditando que o Fed (Federal Reserve), o banco central norte-americano, encerre o ciclo de alta dos juros entre 5,25% e 5,50%, o que indica apenas mais um aumento de 0,25 pontos percentuais em julho, favorecendo a atratividade de investimentos para os emergentes. Em relação à China, a percepção é de desaceleração do crescimento, com maior dinamismo no mercado interno e dúvidas quanto aos riscos no segmento imobiliário. Para a Europa, a expectativa é que o ciclo de aumento dos juros continue.
Houve uma revisão acentuada na projeção para o crescimento do PIB neste ano, que passou de 0,90% para 2,25% com a surpresa positiva com o indicador no primeiro trimestre. “A melhora do cenário externo, com o risco atenuado de recessão nos países desenvolvidos e de alastramento de riscos sistêmicos no sistema financeiro internacional, também contribuiu para essa previsão mais otimista para a atividade econômica, além dos já conhecidos efeitos da agropecuária no primeiro trimestre do ano”, afirma Fernando Honorato, coordenador do Grupo Consultivo Macroeconômico da ANBIMA.
Na análise da política fiscal, a aprovação do arcabouço reduziu os riscos de cauda, mas manteve a incerteza devido às mudanças que flexibilizaram os gastos para os próximos anos e pelos desafios para que as metas sejam alcançadas. Para 2024, a expectativa para a dívida bruta passou de 80,5% para 79,5% do PIB.