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Selic: Juro elevado em meio a incertezas não é o melhor remédio contra inflação de oferta

Fernando Valente Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), ao analisar o aumento da Selic anunciado pelo Copom pondera que a inflação que se verifica no Brasil, neste momento, é de oferta e não de demanda. Entenda.

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Fernando Valente Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), ao analisar o aumento da Selic de 1 ponto percentual, a 11,75% ao ano, anunciado nesta quarta-feira (16), pelo Copom, pondera que a inflação que se verifica no Brasil, neste momento, é de oferta e não de demanda.

Portanto, juros tão elevados têm pouco efeito para contê-la. Para isso, taxa teria de ser tão alta, que jogaria a economia na lona.

A escalada de preços, no País e no mundo, foi provocada pela pandemia, agravada pela invasão da Rússia à Ucrânia e pelo excesso de liquidez estabelecido globalmente no combate aos efeitos do novo coronavírus.

Ocorrem majorações elevadíssimas do petróleo, minério de ferro, carvão e commodities agrícolas, como o trigo, que se refletem na retração do consumo, objetivo, portanto, redundante da elevação dos juros. Este remédio, além de não ser a melhor alternativa para o caso, pode acabar matando o paciente se a dose for exagerada”, alerta Pimentel. Por isso, seria razoável analisar um pouco mais o cenário antes de promover qualquer novo aumento na taxa básica de juros. “Até porque o impacto é grande também no spread bancário, que já subiu, onerando demasiadamente o crédito, seja para consumo ou investimentos”.

O presidente da Abit lembra que o Copom, antecipando-se ao que ocorreu na maioria dos países, vem promovendo há meses uma acelerada e aguda alta da Selic. De 2% ao ano, a taxa já ultrapassou a 10% e o mercado já fala em algo maior do que 12%.

Muito aquém disso, o Banco Central dos Estados Unidos deverá anunciar aumento dos juros esta semana e o europeu reportou a redução de estímulos.

Cabe reconhecer que nosso Banco Central, assim como se vê em todas as nações, enfrenta um dilema para reequilibrar a economia depois de um desbalanceamento provocado pela Covid-19 e, agora, por uma guerra. É uma situação na qual existe linha muito tênue entre o que fazer em termos de política monetária face a circunstâncias que fogem ao controle das autoridades da área. Afinal, estamos vivendo uma situação de forte disrupção”, afirma Pimentel. Algo, porém, é inequívoco: “Como percebemos na indústria têxtil e de confecção, a demanda, no Brasil não está forte”.

Ante tantas pressões, um novo aumento dos juros, mesmo com o IPCA de fevereiro ultrapassando 1%, não é a melhor forma de conter o processo inflacionário.

A economia já está andando de lado na ponta do consumo, como consequência da escalada dos preços. É preciso considerar que a Selic mais elevada também pressiona as contas públicas, criando um círculo vicioso. Por tudo isso, entendemos não haver necessidade de uma nova subida da taxa”, conclui o presidente da Abit.

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