- O Senado argentino aprovou as reformas econômicas de Javier Milei por uma margem estreita na quarta-feira.
- As medidas visam promover austeridade e revitalizar a economia, enfrentando intensos debates e protestos.
- Foram necessárias negociações intensas para garantir a aprovação, resultando em concessões significativas, como a retirada da privatização de estatais importantes.
- O presidente Milei, cujo partido tem minoria no Congresso, conseguiu uma vitória crucial, refletida em um impacto positivo nos mercados financeiros.
- Opiniões públicas em Buenos Aires são divididas, com otimismo cauteloso e preocupações sobre as consequências sociais e econômicas das reformas.
- As leis aprovadas no Senado agora seguirão para ratificação na Câmara dos Deputados, destacando desafios políticos e a necessidade de equilíbrio entre demandas econômicas e sociais na Argentina.
Na noite de quarta-feira, o Senado argentino aprovou por uma margem estreita as reformas propostas pelo presidente Javier Milei, marcando um ponto crucial na agenda econômica do governo. As medidas, projetadas para impulsionar a austeridade e revitalizar a economia combalida do país, foram recebidas com protestos intensos nas proximidades do Parlamento.
O pacote legislativo, que também inclui um novo conjunto de políticas fiscais, enfrentou um longo e acalorado debate no Senado, onde foram necessárias negociações intensas para garantir sua aprovação. Embora tenha sido um passo significativo para Milei, o processo não ocorreu sem custos: várias partes das propostas originais tiveram que ser modificadas ou retiradas para assegurar o apoio necessário.
Os principais pontos de controvérsia incluíram a privatização de estatais estratégicas, como a companhia aérea nacional e o serviço postal, que foram removidas do texto final em resposta às preocupações de diversos setores da sociedade argentina.
A votação no Senado foi um teste decisivo para o presidente Milei, cujo partido libertário detém apenas uma minoria de assentos no Congresso. A aprovação das reformas foi vista como uma vitória para o governo, refletida em um aumento positivo nos títulos internacionais da Argentina em dólar, indicando um alívio nos mercados financeiros em relação ao futuro econômico do país.
No entanto, as opiniões nas ruas de Buenos Aires foram divididas. Enquanto alguns argentinos expressaram otimismo cauteloso quanto às mudanças propostas, outros manifestaram preocupação com as potenciais repercussões sociais e econômicas das novas políticas.
Agora, as leis aprovadas no Senado serão enviadas à Câmara dos Deputados para ratificação das emendas. A habilidade de Milei em articular apoio para suas propostas, apesar das adversidades, destacou-se como um desafio político significativo em meio a um cenário de protestos e divisão pública.
Argentina registrou primeiro superávit trimestral com gestão Milei
Quando Javier Milei assumiu a presidência da Argentina em dezembro de 2023, a inflação anual estava acima de 200%. Em novembro, os preços haviam subido mais de 160%.
Em abril, a inflação acumulada atingiu 289,4%. No entanto, a tendência está diminuindo, marcando a quarta queda consecutiva, com 8,8% em abril, comparado a 11% em março.
Segundo analistas consultados pela CNN Brasil, o “tratamento de choque” proposto por Milei durante sua campanha está direcionando o país para o controle econômico.
“O governo Milei entendeu que a Argentina estava em uma situação macroeconômica muito complicada”, afirma Camilo Tiscornia, professor de macroeconomia na Argentina.
“Por trás do grande problema de inflação da Argentina está o permanente déficit fiscal. Então, eliminá-lo, como está fazendo o governo atual, é um passo na direção correta”, complementa.
“A chave que precisaram girar”, ou o “registro que precisaram fechar”, foi o gasto público.
Na posse, o governo argentino enfrentava um déficit primário de quase 3% do PIB. O tratamento de choque começou de imediato, com o “decretaço” de Milei, que incluiu cortes de investimentos na indústria e no comércio, a revogação de leis ambientais e políticas para facilitar a privatização de estatais.
Além disso, foram anunciados cortes nos subsídios para gás, eletricidade, combustíveis e transportes públicos. Em março, o resultado foi evidente: o governo argentino registrou seu primeiro superávit trimestral desde 2008, acumulando 275 bilhões de pesos em caixa.