Tchau Wall Street, olá Brasil: Vitru "migra" para a B3 em movimento inédito

A Vitru, líder no mercado brasileiro de educação à distância, está prestes a protagonizar um movimento inédito no mercado de capitais brasileiro ao migrar suas ações da Nasdaq para a B3, a bolsa de valores brasileira. Essa decisão estratégica busca atrair investidores locais e melhorar a liquidez das ações, ao mesmo tempo em que mantém sua base de acionistas estrangeiros. A empresa, que fez seu IPO em setembro de 2020, avaliada em US$ 350 milhões, está buscando uma nova fase de crescimento e vislumbra a migração como um passo importante nessa direção.

O CEO da Vitru, William Matos, enfatiza que essa migração permitirá à empresa acessar um mercado mais amplo de investidores que já conhecem e apreciam o negócio da Vitru. A decisão também facilitará a realização de um follow-on futuro, que pode ser usado para reduzir a alavancagem da empresa e aumentar a liquidez de suas ações. Atualmente, a Vitru tem um free float de apenas 22%, e essa migração pretende abrir caminho para um aumento significativo na participação de investidores no mercado.

A Vitru possui uma sólida trajetória de crescimento e resiliência no setor de educação à distância. A empresa multiplicou sua receita por 3,7 vezes, atingindo R$ 1,8 bilhão, seu EBITDA cresceu 5,5 vezes, alcançando R$ 653 milhões, e sua base de alunos aumentou 3,5 vezes, chegando a 900 mil. Esses números impressionantes refletem a capacidade da Vitru de se adaptar e prosperar mesmo durante períodos desafiadores.

A migração será realizada por meio de uma incorporação reversa. Atualmente, as ações da Vitru são negociadas na Nasdaq por meio da Vitru Limited, que detém 100% da Vitru Brasil, a holding operacional. Para a migração, a Vitru Brasil será listada no Novo Mercado da B3 e incorporará a Vitru Limited. Como resultado, todos os acionistas da Vitru Limited receberão ADRs da Vitru Brasil na mesma proporção de suas participações, que poderão ser convertidas em ações.

Entre os maiores acionistas da Vitru estão a Compass Group, com 16,9%, a SPX Carlyle, com 18,5%, a Vinci, com 17,3%, as famílias que eram proprietárias da UniCesumar, com 16,6%, a Neuberger Berman, com 12,9%, e a Crescera Capital, com 11,4%. A Compass Group é uma gestora global de origem chilena, e a Vitru mantém uma base diversificada de investidores.

A empresa é diferenciada por sua forte presença no mercado de educação digital, que representa 80% de sua receita total. Com 900 mil alunos, sendo a maioria no ensino à distância, a Vitru possui uma estratégia de negócios ágil e geradora de caixa.