Mesmo com metas fiscais ambiciosas, FMI prevê aumento significativo na dívida pública brasileira nos próximos anos.
O novo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) trouxe preocupações sobre a situação fiscal do Brasil. Mesmo com uma visão otimista sobre o cumprimento das metas fiscais, o FMI projeta um aumento considerável na dívida pública brasileira nos próximos anos.
O governo, por sua vez, admite que não atingirá a meta fiscal estabelecida para este ano. O FMI prevê que a dívida pública, que foi de 85,3% do PIB no ano anterior, crescerá nos próximos anos, atingindo 96% do PIB em 2028. Esse nível de endividamento distancia o Brasil de outras economias emergentes.
Dívida pública brasileira pode alcançar 96% do PIB em 2028, segundo FMI
O relatório recentemente divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) gerou inquietação no cenário fiscal brasileiro. Mesmo com uma perspectiva otimista em relação ao cumprimento das metas fiscais, o FMI antecipa um aumento expressivo na dívida pública do país nos anos vindouros.
O governo brasileiro, reconhecendo a gravidade da situação, admitiu que não conseguirá alcançar a meta fiscal proposta para o ano corrente pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. As estimativas apontam um déficit de 1,3% do PIB, enquanto o FMI prevê um déficit de 1,2% do PIB, uma visão até mais otimista. Para os anos subsequentes, as projeções do FMI são semelhantes às promessas governamentais.
No entanto, o que realmente causa alarme é a projeção da trajetória da dívida pública feita pelo FMI. Mesmo seguindo de perto os números que o governo planeja apresentar, o FMI não vê a estabilização tão promovida em defesa do arcabouço fiscal. Pelo contrário, a dívida pública, que foi de 85,3% do PIB no ano passado, está prevista para crescer, alcançando 96% do PIB até 2028.
Este nível de endividamento coloca o Brasil em uma posição desfavorável quando comparado a outras economias emergentes. Em média, a dívida pública em países emergentes do G20 é de 72% e 69% na América Latina.
Diversos fatores contribuem para essa situação preocupante. No próximo ano, espera-se que os gastos com saúde e educação aumentem, superando o limite estabelecido. Além disso, outras despesas estão previstas para crescer devido a medidas em tramitação no Congresso. A solução para esta crise fiscal parece residir em cortes de gastos e aceleração das reformas.
FMI eleva para 3,1% previsão de crescimento para Brasil em 2023
Num cenário de desaceleração da economia global, o Brasil crescerá mais que a média do planeta. Segundo o relatório Panorama Econômico Mundial, divulgado nesta terça-feira (10) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos) brasileiro crescerá 3,1% em 2023, alta de 1 ponto percentual em relação à estimativa anterior, apresentada em julho.
Em contrapartida, a estimativa de expansão para a economia global caiu de 3,5% para 3% neste ano. Para 2024, o FMI melhorou a previsão de crescimento para o Brasil, de 1,2% para 1,5%, e reduziu levemente a projeção de crescimento global de 3% para 2,9%. O documento foi apresentado na reunião do FMI e do Banco Mundial, que ocorre nesta semana em Marrakech, no Marrocos.
O FMI citou três fatores principais para a melhoria das estimativas econômicas para o Brasil. Segundo o relatório, a “agricultura dinâmica” e os “serviços resilientes” no primeiro semestre, acompanhado da manutenção do consumo forte por causa de estímulos fiscais, contribuíram para melhorar o desempenho da economia brasileira em relação às estimativas iniciais.
Apesar de melhorar as projeções para o Brasil, o FMI citou riscos para o país. Segundo o órgão, a inflação persistente e o endividamento das famílias continuam a preocupar. O relatório também mencionou a falta de espaço fiscal para gastos prioritários e riscos decorrentes das mudanças climáticas.
As previsões do FMI estão mais em linha com as estimativas do governo brasileiro. A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda prevê expansão de 3,2% da economia brasileira em 2023 e de 2,3% em 2024. No último Relatório de Inflação, o Banco Central projeta alta de 2,9% no PIB em 2023 e de 1,8% em 2024.
Pesquisa semanal do Banco Central com instituições financeiras, o boletim Focus projeta crescimento de 2,92% no PIB neste ano. Para 2024, os analistas de mercado estimam expansão de 1,5%.