A taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira, pode afetar o mercado de ações de diversas maneiras. Primeiramente, a taxa de juros afeta a economia como um todo, influenciando o crescimento do país, a inflação e a política monetária do governo. Quando a Selic está alta, significa que os juros cobrados pelos bancos para empréstimos são maiores, o que desestimula o consumo e o investimento, e consequentemente pode afetar a rentabilidade das empresas.
No mercado de ações, uma alta na taxa Selic pode levar os investidores a migrarem seus recursos para outras modalidades de investimento, como títulos públicos, que oferecem maior rentabilidade e menor risco em relação às ações. Isso pode fazer com que a demanda por ações caia, diminuindo o preço dos papéis e afetando a rentabilidade dos investidores que já possuem esses ativos.
Por outro lado, uma redução na Selic pode estimular o consumo e o investimento, impulsionando o crescimento econômico e aumentando a rentabilidade das empresas. Com a redução dos juros, os investimentos em ações podem se tornar mais atraentes, o que pode levar a uma valorização das empresas na bolsa de valores. Isso pode beneficiar os investidores que possuem ações dessas empresas, aumentando a rentabilidade dos seus investimentos.
Assim, uma possível redução na taxa Selic, que deve ocorrer no segundo semestre, ainda não tem gerado otimismo entre os investidores da bolsa brasileira, segundo pesquisa realizada pelo Bank of America (BAC) com gestores de fundos de investimento. Embora a expectativa do mercado financeiro seja de manutenção da taxa em 13,75% ao ano, é possível que o Banco Central dê algum sinal sobre uma eventual redução dos juros no horizonte.
O que dizem analistas?
O levantamento “Latam Fund Manager Survey” de março aponta que 83% dos participantes veem o início do ciclo de corte de juros no Brasil se iniciando até o terceiro trimestre deste ano, ante apenas 35% no mês passado. A expectativa é de que a Selic encerre dezembro entre 12% e 12,75% ao ano.
Apesar do mercado financeiro já projetar cortes na taxa básica, que tende a melhorar o apetite ao risco e, consequentemente, impulsionar ativos de renda variável, a estimativa ainda não se reflete em um otimismo com as ações. De acordo com o levantamento, caiu de 43% para 20% o total de entrevistados que veem o Ibovespa encerrando o ano acima dos 120 mil pontos. A maior parte (cerca de 80%) prevê o índice negociando entre 95 mil e 120 mil pontos.
No entanto, um bom arcabouço fiscal somado à reforma tributária faria com que os gestores ficassem mais construtivos com as ações brasileiras, destaca o BofA. Na América Latina, apenas 23% dos investidores consultados pelo BofA planejam aumentar a alocação em ações nos próximos seis meses – o menor percentual desde fevereiro de 2022. Os gestores citam como o maior risco as taxas de juros mais altas nos Estados Unidos, seguidas pelas implicações da China e commodities e por uma desaceleração da economia dos EUA. A pesquisa do Bank of America foi feita no início deste mês com 30 gestores que administram cerca de US$ 63 bilhões em ativos.