Além das ações da própria varejista, os bancos são os mais afetados pelos problemas contábeis da Americanas. Afinal, com o possível calote de R$ 20 bilhões por parte da varejista, os bancos serão os principais lesados devido ao estilo de operação de risco sacado, adotado pela Americanas e razão da crise.
Os bancos credores da Americanas vão propor uma capitalização “mínima” de R$ 15 bilhões, com garantia firme do trio de acionistas da 3G Capital (Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira), informa o Valor Pro. As instituições financeiras vão exigir, ainda, a conversão de 20% das dívidas em ações, o que tornaria os bancos importantes acionistas da varejista, tendo em vista que a empresa vale hoje na bolsa R$ 1,5 bilhão, após o derretimento de seu valor de mercado desde o início da crise. Uma fonte envolvida nas negociações disse ao serviço de notícias que “parece que os controladores não entenderam da gravidade da situação”, pois a única proposta feita até agora, ainda pelo ex-CEO da empresa, Sergio Rial, foi de capitalização de R$ 6 bilhões pela 3G.
Nesta manhã, a Americanas confirmou que seu caixa chegou ao montante de R$ 800 milhões e admitiu que pode entrar com pedido de recuperação judicial nas próximas horas ou dias.
Com este caixa, a companhia já tem uma data limite para o fim de suas operações: 4 meses e meio.
A XP calculou que esse montante equivale a 4,5 meses de despesas com pessoal da varejista. Esse fato, acredita a corretora, pode acelerar a decisão da empresa de buscar a recuperação judicial. A companhia deve se concentrar, primeiramente, no gerenciamento de passivos, oferta de ações (que para a XP deve variar entre R$ 10 bilhões e R$ 20 bilhões), desinvestimentos de ativos como o Hortifruti Natural da Terra, Grupos Uni.co (Puket e Imaginarium) e Vem, joint venture da Americanas com a Vibra Energia (VBBR3) para lojas de conveniência. O pedido de recuperação judicial, depois de arquivado e sancionado, daria à empresa um prazo de 180 dias em que todas as obrigações da dívida seriam suspensas.